Às vésperas da COP, orçamento para meio ambiente estagnou, aponta organização
Em 2024, recursos empregados em ações ambientais ficaram no mesmo patamar do ano anterior, e podem diminuir em 2025. Ainda nessa edição, um giro pelas organizações do terceiro setor parceiras da [BD]

Rafael Ciscati
5 min

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Mais investimento no combate a queimadas, menos dinheiro para a gestão de recursos hídricos. Uma análise recém-publicada pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) mostra que, entre perdas e ganhos, os investimentos federais em proteção ambiental, no Brasil, estão estagnados.
Anualmente, a organização publica uma análise do orçamento federal. Avalia quanto foi gasto no ano que passou e quais os compromissos assumidos para o ano em curso.
O estudo mais recente mostra que, em 2024, o governo federal investiu mais no combate ao desmatamento na Amazônia a aos incêndios no Cerrado. A verba executada pelo Ibama no período cresceu R$128 milhões. Coisa parecida aconteceu com o ICMBio, a autarquia federal responsável pela administração das unidades de conservação (cuja verba posta no campo cresceu R$62 milhões no ano passado). Os resultados foram positivos: em 2024, o desmatamento na Amazônia caiu pelo segundo ano consecutivo.
Em contrapartida, o governo deixou de utilizar mais de 90% dos recursos disponíveis no Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA). Ele é alimentado por metade do valor das multas cobradas pelo Ibama, e foi concebido para ser um dos principais instrumentos de financiamento da política ambiental brasileira. Apesar de o dinheiro existir, ficou congelado.
Em tempo: vale explicar que a análise do Inesc dá destaque para os valores que foram “executados”. Ou seja, aponta quanto do dinheiro disponível para determinada ação foi efetivamente gasto.
Ao fim e ao cabo, o dinheiro gasto com ações ambientais em 2024 somou R$3,5 bilhões — mesma quantidade executada no ano anterior. “Fica demonstrado o quão distante a agenda ambiental está do centro da estratégia do governo”, escrevem os autores do relatório.
Em 2025, ano em que o Brasil vai sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), o quadro tende a piorar: o orçamento disponível para ações ambientais encolheu 1%.
Apesar das notícias ruins para o meio ambiente, o Inesc destaca que nem tudo vai mal: em 2024, os recursos empregados na demarcação de terras indígenas aumentaram 60%; os destinados ao custeio do subsistema de saúde indígena, 24%.
O relatório completo está disponível no site do Inesc.
Terras indígenas ameaçadas
O Senado federal aprovou, na última quarta-feira (28), um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que ameaça desmontar todo o processo de demarcação de terras indígenas (TIs) no país. A proposta altera partes da norma que regulamenta o processo demarcatório hoje vigente. Muda o trecho que define quais procedimentos e estudos devem ser observados durante a delimitação desses territórios.
O PDL também suspende a homologação de duas terras indígenas em Santa Catarina: Toldo Imbu e Morro dos Cavalos.
A proposta segue para votação na Câmara. O ISA explica quais suas consequências.
Defensor(x)s em foco
A Brasil de Direitos, você já sabe, é uma plataforma de notícias sobre direitos humanos construída de forma colaborativa. (Quase) todo mês, nossa equipe editorial se reúne com organizações de defesa de direitos atuantes no Brasil inteiro. São esses grupos que, junto com nossos jornalistas, definem quais serão as pautas publicadas no site.
Nessa nova seção, a gente faz um giro pelo do trabalho dos parceiro da plataforma 😉
Combate ao trabalho escravo

A Associação de Trabalhadoras Domésticas Tereza de Benguela lança, em versão digital, a Cartilha de Erradicação ao Tráfico de Pessoas e ao Trabalho Análogo à Escravidão Contemporânea Doméstico.
O volume, diagramado de modo a caber no bolso da calça, traz uma história ilustrada baseada em fatos reais. Foi a maneira que a organização encontrou de disponibilizar, de maneira lúdica, orientações importantes sobre como identificar e denunciar casos de trabalho escravo contemporâneo.
Dá para criar uma sociedade sem polícias?
A Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (Idmjr) diz que sim. E defende que um dos primeiros passos para tornar isso possível consiste em reduzir os investimentos feitos pelo Estado nas forças policiais. Essa foi a principal discussão abordada pelo grupo e seus convidados durante o I Seminário Internacional de Desinvestimento e Controle Social das Polícias, realizado em maio de 2024.
Os artigos apresentados durante o encontro agora estão disponível em uma revista online.
No dia 07 de junho, o grupo realiza um novo encontro sobre o tema. Dessa vez, em São Paulo.
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