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Com bom-humor, livro fala com crianças sobre diversidade e inclusão

Avante - Educação e Mobilização Social

4 min

Capa do livro "Um amigo diferente" (Reprodução/Avante)

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“Um amigo diferente” ensina que, para os pequenos, diversidade é diversão. E que a deficiência está nas barreiras criadas pela sociedade

 

Como abordar temáticas como inclusão e diversidade com as crianças? Como elas percebem as diferenças? No livro “Um amigo diferente?”, Claudia Werneck (autora) e Ana Paula (ilustradora) nos apresentam um caminho colorido e divertido, cheio de perguntas e respostas, que nos auxiliam a construir de forma lúdica, interativa e pedagógica um diálogo aberto e propositivo com as crianças.

Ao acolher o espírito questionador e curioso das crianças, o livro abre as portas para uma conversa leve e necessária, indispensável às crianças com deficiência e sem deficiência.

A Avante – Educação e Mobilização Social indica “Um amigo diferente?”, para lembrar que a deficiência está nas barreiras criadas pela sociedade – com seus padrões de funcionalidade que estruturam as relações, os espaços e os modelos dos corpos – e introjetam o capacitismo nos indivíduos, desde a infância.

Claudia Werneck e as ilustrações de Ana Paula nos transportam para um mundo onde todas as diferenças têm uma função. Diferenças que compõem a diversidade e que tornam, ou deveria tornar, a experiência humana fascinante e divertida, como o mundo descrito nessa história.

A narrativa 

“Sou seu amigo diferente?”, “Diferente de que jeito?”, “Muito ou pouco?”, questiona o narrador na introdução da história. A liberdade pueril de questionar, observar e desejar aprender é a tônica da narrativa, afinal, não há pergunta indelicada quando se é criança e, em se tratando de diferenças, “eu não ligo se você falar tudo o que se passa na sua cabeça”, explica o amigo diferente.

No universo das crianças, diversidade é diversão – essa é a viagem do livro. As pernas compridas são uma possibilidade de tocar a cabeça nas nuvens; dedos extras são ideais para fazer cócegas e a cadeira de rodas está longe de conseguir acompanhar a velocidade dos pensamentos de sua dona ou dono.

A autora lembra, por meio dos seus personagens, que, às vezes, as diferenças invisíveis parecem não existir, mas estão lá, bem escondidas dentro do corpo – no sangue; no coração; nos ossos; até dentro da cabeça, em lugares tão profundos, que nem um raio X é capaz de encontrar.

Há diferenças que resultam naturalmente de uma alteração genética. Um cromossomo a mais, nesse caso, pode até influenciar no ritmo de algumas aprendizagens e deixar os olhos dos nossos amigos com T21 (síndrome de Down) mais puxadinhos, mas quem nasceu com essa alteração é inteligente, esperto e tão diferentes quanto todos nós.

Algumas diferenças exigem aparelhos acoplados ao corpo: sondas, marcapassos, e por aí vai. Mesmo com essas diferenças, todos podem ir à praia, à escola e ao parquinho. Alguns não enxergam direito, outros não ouvem, mas todo mundo encontra jeito pra se divertir, porque cada um tem o seu próprio jeito de viver e ser feliz.

No livro, os autistas são comparados aos polvos. Tem jeito mais legal de uma criança entender a razão de uma estereotipia? Cacoetes, gagueira e outras várias diferenças… O livro é cheinho delas, mas tudo isso para lembrar que todo mundo tem a sua, basta procurar direitinho.

O livro é um convite ao bate-papo aberto com as crianças. Elas podem e devem ser incentivadas a falar sobre as diferenças, até perceberem que elas, as diferenças, são comuns a todos. Algumas por dentro, outras por fora, como conclui o nosso amigo diferente: “não importa tanto assim se a minha diferença é grande, do tamanho de um elefante, ou bem pequena, do tamanho de uma joaninha”; todos podem acolher e ser acolhido, ajudar e ser ajudado.

Ao final do livro, o leitor adulto encontra ainda um roteiro para ser trabalhado em casa ou em sala de aula. Um super incentivo para continuar essa conversa com as crianças.

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