Crise climática: um guia com tudo o que você precisa saber
Como deter o aquecimento global, como funcionam as COP e qual o papel do Brasil no debate climático? Nova publicação da [BD] conversa com ativistas que destrincham essas questões

Rafael Ciscati
4 min

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Mais de 600. É essa a cifra que líderes do mundo inteiro precisam ter em mente quando se reunirem em novembro próximo, em Belém, para participar da COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Trata-se do número de eventos climáticos extremos registrados ao longo de2024 — o ano mais quente da história até aqui.
O dado é da Organização Meteorológica Mundial, uma agência da ONU, e é imperfeito: a quantidade de inundações, incêndios florestais, secas severas e de outras catástrofes que fustigaram o globo no ano passado pode ter sido ainda maior. Ele é útil, no entanto, porque ajuda a dar certa dimensão do problema que temos em mãos, e do quão urgente é encontrar respostas para ele. Conforme as temperaturas do planeta sobem, aumenta o número de vidas perdidas e de danos (alguns, supõe-se, irreversíveis) aos ecossistemas. Os incidentes do ano passado mataram mais de 1700 pessoas em todo o mundo, e forçaram mais de 800 mil a deixar suas casas.
Essas perdas afetam todos e todas, mas de maneira desigual. “Hoje, são as comunidades negras, pobres, povos indígenas e tradicionais que mais sofrem com a mudança do clima”, lembra Cleidiane Vieria, coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragem, numa das reportagens desse Guia Brasil de Direitos – para entender a crise climática. “São as pessoas que menos contribuíram para o problema que pagam a conta mais alta”.
Cleidiane é uma das articuladoras da Cúpula dos Povos: um movimento formado por mais de 1100 organizações da sociedade civil brasileira que trabalha para visibilizar soluções gestadas por movimentos sociais e territórios populares no combate à crise do clima. Enquanto chefes-de-estado e diplomatas estiverem reunidos na COP 30, a Cúpula espera receber cerca de 10 mil pessoas em eventos paralelos realizados na Universidade Federal do Pará.
Seus organizadores dizem temer que as COP falhem por falta de senso de urgência. Os diplomatas que as frequentam, afirmam, não vivem a realidade dos territórios mais afetados pelos extremos climáticos. Territórios que cobram ações de adaptação e medidas efetivas para conter o avanço das temperaturas. A intenção da Cúpula, por isso, é organizar uma mobilização popular tão vigorosa a ponto de ser impossível, aos governos do mundo, ignorar o que dizem as pessoas mais atingidas pela crise que querem combater.
De certo modo, foi do desejo de ouvir essas pessoas — ativistas de direitos humanos, povos tradicionais, cientistas — que nasceu este Guia Brasil de Direitos – para entender a crise do Clima.
Ele é uma das muitas publicações da plataforma Brasil de Direitos: site de notícias e debates sobre direitos fundamentais. Um espaço online dedicado a contar as histórias de quem defende os direitos humanos no Brasil. E que construímos de maneira colaborativa: as histórias, reportagens e entrevistas publicadas na plataforma surgem de encontros mensais promovidos por nossa equipe editorial com ativistas espalhados pelo país.
Para produzir o Guia que você tem em mãos, conversamos com ativistas, cientistas, defensoras e defensores de direitos humanos. Fomos entender, a partir do olhar dessas pessoas, por onde caminha a diplomacia do clima. Quais são urgências, soluções e dúvidas que cercam o combate ao aquecimento global. A publicação traz, ainda, um glossário: 9 verbetes detalhados que vão te ajudar a navegar por esse debate.
Quando se trata do combate à crise do clima — ou da promoção dos direitos humanos, de maneira geral — é sempre oportuno lembrar que lidamos com uma disputa por corações e mentes. É preciso instar as pessoas a imaginar outras formas de produzir, outros modos de se relacionar. Com este Guia, Brasil de Direitos quer contribuir, ainda que singelamente, para a divulgação de boas histórias e de informação de qualidade. Coisa essencial para imaginarmos uma outra sociedade possível. Mais justa e capaz de responder aos desafios do presente com a urgência que eles demandam.
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