“Guia” traz dicas para falar sobre direitos humanos
Publicação, que acaba de ganhar versão em português, faz recomendações para criar narrativas inclusivas, capazes de mobilizar (e conquistar) apoiadores
Rafael Ciscati
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Lançado no final de 2017, o guia pode ser pensado como uma resposta de Shenker-Osorio aos desafios impostos pela ascensão de Trump. O texto condensa os resultados de suas pesquisas sobre como criar narrativas inclusivas. São aquelas capazes de conquistar novos apoiadores, ao mesmo tempo em que mobilizam pessoas já convencidas da importância de defender os direitos humanos. Em tom de manual, o volume traz 8 princípios práticos, amparados por trabalho acadêmico e exemplos de ações já testadas.
O texto acaba de ser vertido para o português, numa tradução feita a muitas mãos por comunicadoras da Rede Narrativas — um coletivo formado, majoritariamente, por profissionais ligados a organizações sociais brasileiras. Seguindo o exemplo da versão norte-americana, a brasileira começou a ser preparada pouco depois da campanha eleitoral de 2018: “A eleição de Bolsonaro tinha levado ao poder um grupo que se dizia abertamente contra os direitos humanos”, lembra Laura Leal, coordenadora de comunicação do Instituto Alana, e uma das participante do esforço de tradução. Segundo ela, era importante pensar o que fazer a partir dali.
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O trabalho contou com a colaboração de Débora Borges, gerente de Relacionamento com a Sociedade do Fundo Brasil de Direitos Humanos: “O texto é importante para o contexto brasileiro justamente porque, num momento de grande polarização, estimula a busca por valores compartilhados”, afirma Borges. “Essa busca está no cerne da defesa dos direitos humanos. Que afinal, valem para todas e todos”.
Entre acadêmicos, Shenker-Osorio ganhou fama de ser “provocativa”. A reputação é reforçada pelo humor que ela emprega em suas palestras — é comum que ela faça piadas com figuras icônicas da direita anglófila, como Ronald Reagan e Margareth Thatcher — e por suas recomendações contraintuitivas.
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Segundo ela, os comunicadores progressistas precisam reajustar a maneira como contam suas histórias. O roteiro mais comum, ela explica, narra histórias a partir de problemas: falamos primeiros do que está errado, apresentamos propostas de solução e, então, conclamamos à ação. Essa receita de bolo tende a sensibilizar somente os convertidos: “As pessoas já têm muitos problemas, e não querem os seus”, afirma. Para ela, é preciso virar a narrativa de ponta cabeça, e construir histórias baseadas em valores comuns.
Nessa busca, vale se apropriar de um vocabulário comumente associado a grupos conservadores. Caso da “defesa da família”, por exemplo: “O casamento entre pessoas do mesmo sexo foi vitorioso porque a comunidade LGBT+ promoveu um debate sobre compromisso e família”, defende. Ao falar de valores e sentimentos, a militância LGBT+ tornou sua mensagem mais acessível, e conquistou apoiadores.
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