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No dia internacional da mulher, não me dê flores — quero políticas públicas

Maria Teresa Ferreira

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Hoje é o dia de todas as mulheres serem parabenizadas a exaustão. Receber flores e bombons é o que guia o senso comum na celebração das nossas vidas.

Mas quero falar sobre outras flores: aquelas que repousam no túmulo das mulheres mortas vitimas de feminicídios;  e sobre os bombons doados em ações solidárias pra aplacar a dor dos orfãos filhos da violência.

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Pretendo falar sobre um cotidiano cansativo e cruel que obriga às mulheres vestir a capa da mulher maravilha pra sobreviver.

Em lugar de “parabéns”, flores e bombons, o 8 de março precisa ser uma data em que se discuta as ausências do Estado. O desmonte do SUS, a crise da educação, a falta de vagas em creches, a precarização do trabalho e tantos outros obstáculos que impedem a emancipação das mulheres.

>>As conquistas do movimento feminista brasileiro

Está na ordem do dia Impedir a normalização dos mecanismos de opressão usados por um Estado patriarcal, violento e misógino que faz uso da força no intuito de controlar o corpo e a vontade das mulheres.

Faz –se urgente curar o luto que diz respeito a mortalidade materna; o encarceramento das mulheres negras; a invisibilidade das mulheres com deficiência e de maternidade atípica; as agressões  e assassinatos das pessoas LBTQIA+; o  aumento da violência doméstica e das violências de gênero; e a crescente brutalidade com que as meninas vem sendo atingidas.

Hoje, o que eu quero é garantir o cumprimento das políticas publicas que já existem e exigir sua ampliação. Quero que esse seja o momento de punir severamente narrativas que subjugam nossa existência, desconsideram nossa competência e reforçam o status quo machista que alicerça nossa sociedade.

Diante do desrespeito e violência contras as mulheres,  não há espaço para flores, chocolates ou parabéns. Precisamos da intervenção nos comportamentos e atitudes que persistem na sociedade brasileira. Por um dia de mais manifestações, mais mulheres na rua e muito, mais muito mais respeito, empatia e igualdade.

Foto de topo: Midia Ninja

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