No dia internacional da mulher, não me dê flores — quero políticas públicas
Maria Teresa Ferreira
2 min
Navegue por tópicos
Hoje é o dia de todas as mulheres serem parabenizadas a exaustão. Receber flores e bombons é o que guia o senso comum na celebração das nossas vidas.
Mas quero falar sobre outras flores: aquelas que repousam no túmulo das mulheres mortas vitimas de feminicídios; e sobre os bombons doados em ações solidárias pra aplacar a dor dos orfãos filhos da violência.
>>Mangue, mar e Elza Soares: marisqueiras pernambucanas regravam clipe de cantora
Pretendo falar sobre um cotidiano cansativo e cruel que obriga às mulheres vestir a capa da mulher maravilha pra sobreviver.
Em lugar de “parabéns”, flores e bombons, o 8 de março precisa ser uma data em que se discuta as ausências do Estado. O desmonte do SUS, a crise da educação, a falta de vagas em creches, a precarização do trabalho e tantos outros obstáculos que impedem a emancipação das mulheres.
>>As conquistas do movimento feminista brasileiro
Está na ordem do dia Impedir a normalização dos mecanismos de opressão usados por um Estado patriarcal, violento e misógino que faz uso da força no intuito de controlar o corpo e a vontade das mulheres.
Faz –se urgente curar o luto que diz respeito a mortalidade materna; o encarceramento das mulheres negras; a invisibilidade das mulheres com deficiência e de maternidade atípica; as agressões e assassinatos das pessoas LBTQIA+; o aumento da violência doméstica e das violências de gênero; e a crescente brutalidade com que as meninas vem sendo atingidas.
Hoje, o que eu quero é garantir o cumprimento das políticas publicas que já existem e exigir sua ampliação. Quero que esse seja o momento de punir severamente narrativas que subjugam nossa existência, desconsideram nossa competência e reforçam o status quo machista que alicerça nossa sociedade.
Diante do desrespeito e violência contras as mulheres, não há espaço para flores, chocolates ou parabéns. Precisamos da intervenção nos comportamentos e atitudes que persistem na sociedade brasileira. Por um dia de mais manifestações, mais mulheres na rua e muito, mais muito mais respeito, empatia e igualdade.
Foto de topo: Midia Ninja
Você vai gostar também:
Maria Edhuarda Gonzaga *
3 abolicionistas negros que você precisa conhecer
10 min
Rafael Ciscati
Mulheres são principais vítimas de violência, mas país pensa pouco em prevenção
11 min
Maria Edhuarda Gonzaga *
Peça de Abdias Nascimento chega ao Brasil 30 anos depois de publicada nos EUA
8 min
Entrevista
Ver maisEducação escolar indígena sofre com falta de políticas específicas, diz professor
6 min
Mulheres são principais vítimas de violência, mas país pensa pouco em prevenção
11 min
Glossário
Ver maisAbdias Nascimento: quem foi o artista e ativista do movimento negro
8 min
O que é violência obstétrica? Que bom que você perguntou!
4 min