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Seminário online discute rumos do envelhecimento no Brasil

Organizado pelo Instituto Bonina, evento quer disseminar conhecimento sobre as muitas formas de envelhecer no país, de modo a combater desigualdades

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Nos últimos 10 anos, o número de brasileiros e brasileiras com mais de 60 anos mais que dobrou: foi de 10 milhões no Censo de 2010 para 32 milhões em 2020. O crescimento indica que, muito em breve, seremos um país de idosos: projeções do Ministério da Saúde sugerem que, até 2030, o número de brasileiros com mais de 60 será maior que o de crianças com até 14 anos. 

Apesar de formarem um grupo numeroso, os idosos brasileiros ainda encontram dificuldades para se fazer ouvir no processo de formulação de políticas públicas. É o que acredita a professora e mestre em gerontologia Lúcia Secotti. Ex-presidente do Conselho Nacional de Políticas para Idosos, Secotti fundou, em 2023, o Instituto Bonina. A instituição, que reúne especialistas em envelhecimento e políticas públicas, diz querer estimular mudanças culturais e políticas de modo a enfrentar “desigualdades, visando ao envelhecimento humano digno”. O Instituto faz isso, diz Lúcia, ao promover conhecimentos sobre as múltiplas formas de envelhecer no Brasil. “ Partimos do princípio de que a informação e a educação são bases para a transformação social”, afirma. “Por meio delas, queremos atuar para reduzir desigualdades”. 

Envelhecimento digno e o combate às desigualdades são os pontos centrais de um encontro online que o Bonina promove no próximo dia 27 de novembro. O Seminário Internacional Bonina: velhice e direitos humanos – Sentir, Reunir e Transformar: é a velhice (in) sustentável, vai reunir especialistas de diferentes áreas ( e idades) para discutir envelhecimento a partir de uma perspectiva intercultural.  A ideia, conta a instituição, é disseminar informação de qualidade, de modo a “fortalecer a participação social e a formulação de políticas públicas, visando a uma velhice digna  e cidadã”. 

Lúcia explica que o “insustentável” do título é uma provocação. Na leitura do Bonina, quando pensam em envelhecimento, os formuladores de políticas públicas ainda têm em mente um idoso idealizado. “É um olhar quase Hollywoodiano”, brinca ela, que é também colaboradora frequente de Brasil de Direitos. Trata-se de uma pessoa de  classe média alta, com acesso a boa aposentadoria e que se comporta como mera receptora de políticas. Esse olhar, muito parcial, desconsidera a velhice de quem vive na pobreza, ou aquela vivenciada em comunidades tradicionais. Ignora, ainda, um ponto fundamental: “O fato de que a pessoa idosa não é mera receptora de benefícios. Ele é uma pessoa pensante e ativa. Queremos destacar esse protagonismo”, conta Lúcia.

O Seminário foi desenhado para acolher essa variedade de perspectivas. O evento foi dividido em três mesas, cada qual centrada em um tema.  A primeira delas, batizada de “Sentir”, convida representantes de povos e comunidades tradicionais para falar sobre envelhecimento. “Essas populações trabalham com o conceito de redes de afetos, algo que se perdeu nas nossas sociedades capitalistas”, opina Lúcia. “E enxergam as pessoas idosas como parte importante da comunidade. Bibliotecas vivas”. 

A segunda mesa, Reunir, deve lançar um olhar sobre a demografia brasileiras para entender, a partir dos números e do trabalho de sociólogos, o que a sociedade pode fazer para assegurar velhices mais saudáveis e menos desiguais. 

Por fim, a mesa Transformar apresenta casos de projetos e instituições que atuam em prol da pessoa idosa no Brasil e em Portugal. 

A programação completa está disponível no site do evento. Lúcia ressalta que ela foi pensada com a pretensão de estabelecer um diálogo franco e bem informado com pessoas de todas as idades. “O Bonina entende que, para envelhecer com dignidade, é preciso o compromisso das diversas gerações na construção de uma sociedade para todas as idades”, explica o Instituto. 

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