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Para entender: o que são políticas informadas por evidências

Rafael Ciscati

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O conceito de políticas informadas por evidências envolve uma série de estratégias cujo grande objetivo é garantir que as ações tomadas pela administração pública sejam baseadas na ciência. “Para tomar uma decisão, qualquer político precisa estar bem informado. Precisa buscar dados que apontem o que ele está arriscando ao tomar uma decisão, ou que o ajudem a entender um problema”, explica Laura Boeira, diretora executiva do Instituto Veredas. O uso de evidências para a formulação de políticas públicas inclui uma sequência de etapas. Elas vão da identificação de um problema até o acompanhamento das medidas postas em prática para resolvê-lo.  O processo, diz Laura, precisa ser transparente: precisa demonstrar que a coleta de dados foi ampla (não foram selecionados somente aqueles dados que agradavam aos políticos) e precisa apresentar instruções para que outras pessoas refaçam o caminho trilhado pelos pesquisadores. Abaixo, explicamos como funcionam quatro passos essenciais para esse processo.

>>Precisamos de dados transparentes para fazer política pública, diz pesquisadora

1 – E o problema, qual é?
O primeiro passo é entender qual problema preciso ser enfrentado. “Se você não tem dados  consistentes sobre quais as causas e as consequências daquele problema, corre o risco de procurar soluções para um problema inventado”, explica Laura. Nessa etapa, são usados diferentes dados: dados nacionais, como os do Censo demográfico. Ou entrevistas a determinadas comunidades. A ideia é reunir informações para entender melhor a realidade.

2- Prós e Contras
Uma vez definido qual o problema, os pesquisadores começam a analisar quais as possíveis soluções. Para isso, eles consultam estudos científicos que já tenham tratado do assunto. Esses estudos são classificados: do melhor (com evidências mais fortes!) ao menos interessante. A seguir, reúnem essas conclusões em um trabalho chamado de síntese de evidências. Um documento resumido, que traduz, em linguagem simples, as conclusões dos estudos científicos.

3 – Isso serve para mim?
Há casos em que os pesquisadores querem encontrar soluções para problemas bem brasileiros — mas todos os estudos sobre o assunto foram feitos fora do país. Será que as conclusões servem para a nossa realidade local? É essa a pergunta respondida nessa etapa do trabalho. Com a síntese de evidências em mãos, a equipe vai a campo falar com a população, com políticos, com movimentos sociais. Tudo isso para tentar descobrir quais as chances de a solução apontada pelos estudos “pegar” quando implantada no mundo real.

“Tem uma história muito engraçada que se passou no município de Piripiri, no Piauí”, lembra Laura. A cidade sofria com surtos anuais de dengue. O secretário de saúde de então encontrou uma solução barata para o problema: um peixinho que se alimentava das larvas do mosquito Aedes aegypti, e que poderia ser colocado nas caixas-d’água dos munícipes. A ideia parecei perfeita, até esbarrar na realidade. “Quando o secretário foi conversar com a população, a resistência foi imensa. Ninguém queria colocar peixe na caixa-d’água, por medo de a água começar a cheirar mal”. Para aquele contexto, a solução que era boa no papel, não funcionaria.

4- A política funciona?
Nessa etapa, a política pública foi implementada. É hora de saber se ela de fato funciona, e avaliar quais seus resultados.

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