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Para onde vai a democracia?

Rafael Ciscati

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De que uma democracia saudável precisa? 

Regina Santos, do Movimento Negro Unificado (MNU) acredita que é preciso letramento racial. Para ela, é essencial que o país encare — e repare — suas barbáries: “Vivemos num país de passado escravista que não adotou medidas de reparação à população negra”, afirma. “É preciso passar o Brasil a limpo”.

Na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, o sociólogo Adriano Araújo acompanha a escalada da violência policial — que mata, sobretudo, pessoas negras e pobres. Para ele, uma democracia saudável precisa de um novo modelo de segurança pública. “Precisamos de políticas que enfrentem a violência, mas não pelo uso de armas”, assevera.

Já a pesquisadora Fabiana Pinto, do Instituto Marielle Franco, acredita que é urgente aumentar a diversidade das pessoas que ocupam espaços de poder na política institucional. Só assim, diz ela, surgirão soluções inovadoras para problemas velhos e novos:  “Vivemos uma crise democrática. E temos o desafio de produzir uma resposta para essa crise”

Para compor esse especial sobre Para onde vai a Democracia?, Brasil de Direitos conversou com defensores e defensoras de direitos humanos de todo o país. São pessoas que, tal qual Regina, Adriano e Fabiana, trabalham cotidianamente para construir um país diferente: mais inclusivo e justo. Aqui, eles se debruçam sobre os percalços do Brasil de 2022: a escalada da fome, o fechamento dos espaços cívicos, a violência contra a população negra e os povos indígenas. E apontam possíveis soluções.

Nas reportagens a seguir, você encontra uma análise sobre a relação conflituosa entre a sociedade civil organizada e o governo federal; descobre o que pensam 12 organizações de defesa de direitos sobre os caminhos que o Brasil pode trilhar nos próximos anos; e lê uma análise sobre a relação entre religião e política — um diálogo que perpassa toda a história do Brasil e que ganhou novos contornos nas últimas décadas.

Há, ainda, uma matéria sobre iniciativas que buscam aumentar a representatividade da política institucional ; e os perfis de duas ativistas históricas: Regina Santos, do MNU, e Jovanna  Cardoso, do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negros e Negras (Fonatrans).

Em ano de eleições, essas análises e propostas buscam se somar ao debate e, quem sabe, iluminar vias para a construção de uma democracia mais sólida.

Boa leitura!

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